DÍZIMO WIRELESS (OU WI-FI, COMO QUEIRAM)
Uma das coisas que caracterizam a maioria das denominações religiosas é a coleta de dinheiro durante as celebrações. O "modus operandi" varia: Enquanto uma pede esmolas com uma sacola vermelha, na chamada hora do ofertório, outra coloca uma caixa com uma tampa e um orifício por onde se deve colocar as cédulas ou moedas a serem oferecidas ao Senhor. Algo semelhante a um cofrinho de poupar moedas, sendo que o tamanho é muito superior ao dos porquinhos de barro, pois a entrada de numerário é muito maior.
Há meios mais modernos de pedir ofertas para o Todo-poderoso, como, por exemplo, clérigos que se tornam cantores e vendem CDs a ponto de ganharem o Disco de Ouro, de Prata, Platina e por aí vai. Eles se tornam mega stars. Jovens desmaiam ao vê-los, à semelhança do que acontecia quando Elvis Presley aparecia no palco.
A contribuição pode ser feita também pela Internet. Assina-se o site da religião ("pequenas igrejas, grandes negócios" - não sei quem é o autor dessa expressão), ou do templo (afinal, "templo é dinheiro" - não sei também o nome do autor desse ditado). Assinado o site, recebe-se o boleto, ou imprime-se em casa pela Internet, e paga-se pelo "HOME BANKING".
Os meios citados acima são modernos, mas ouvi falar de um outro que extrapolou em modernidade e ousadia: O uso da cobança do dízimo no cartão de crédito. Veja que interessante: Você foi ao Culto orar, e está sentado em seu banco, quando chega junto a você um obreiro com uma máquina totalmente sem fio (wireless ou wi-fi, como queiram chamar a tecnologia) e pede seu cartão de crédito. Passa na máquina, coloca o código de segurança, digita o valor, emite a fatura em duas vias, você assina a via do estalecimento e entrega ao obreiro. Em contrapartida ele lhe fornece a via do cliente, para, quem sabe, você deduzir do imposto de renda.
Um alerta: Essas contribuições não alteram o resultado do cálculo do imposto. Se tiver algo a pagar, pagará de qualquer maneira, com ou sem contribuição às igrejas ou outros tipos de empresas beneficentes. Se tiver imposto a receber, a sua oferta generosa não aumentará esse valor em um centavo sequer.
Portanto, meu caro e fiel dizimista, se você dá dinheiro para igrejas ou templos, faça isso sem a menor intenção de amenizar a mordida do Leão ou incrementar a devolução do seu imposto de renda. Se você quer comprar terreno no céu, compre; se quer comprar o perdão dos pecados, compre; se quer ajudar os clérigos a encherem os bolsos, ajude. Mas saiba que: Dinheiro não compra terreno no céu, não compra uma consciência limpa, não compra o perdão dos pecados. Deus não negocia coisas materiais. O que Ele quer de nós se resume a duas coisas, bem claras no evangelho: Que amemos a Deus sobre todas as coisas e ao próximos como a nós mesmos. O amor a Deus é WI-FI, pois nossa comunicação com Ele se dá pela fé (o LINK entre os homens e Deus). Com o próximo podemos interagir tanto em rede com fio (com um aperto de mão, um abraço amigo) quanto no modo sem fio (orando por ele, desejando-lhe paz, saúde, felicidade).
ESCRITO EM 11 DE MARÇO DE 2009 (QUARTA-FEIRA)